terça-feira, agosto 15, 2006

Arrependimento

É muito importante entendermos bem o que é arrependimento. Nós estamos rodeados de conceitos do mundo e de conceitos religiosos que não definem exatamente nosso problema com Deus. Ora, se não entendermos bem qual é o problema, como poderemos saber qual é a solução?
Todo mundo que ouvir o evangelho deve ter esta luz, este entendimento: qual é o seu problema com Deus, e qual a solução desse problema.

Para compreender, devemos analisar como tudo começou, como foi a queda do homem (Gn 3:1-7). Aqui nos temos a descrição da entrada do pecado no mundo. Geralmente se diz que o pecado de Adão foi a desobediência, mas isto não define exatamente o problema. Na verdade a desobediência já é um fruto do pecado, é uma conseqüência do pecado e não o próprio pecado.
A chave para este entendimento está nas palavras: "... como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (v5) e "...árvore desejável para dar entendimento" (v6). Porque o conhecimento era tão tentador para Adão? Porque queria tanto ter entendimento, a ponto de se arriscar ao castigo da morte que Deus tinha prometido? É simples. Até aquele momento, ele vivia nume relação de total dependência de Deus, necessitava da orientação de Deus para tudo, era dirigido por Deus e pela sua sabedoria (pv 8:22-31). Para que ele queria conhecimento e sabedoria que vinham de uma árvore e não de Deus?
Adão queria dirigir a própria vida, queria fazer sua própria vontade, ser seu próprio Deus. Adão queria INDEPENDÊNCIA.
Isto não foi algo que Adão fez, foi uma decisão interior no seu coração. Uma disposição de ser independente, de ser o dono de sua própria vida. O pecado foi consumado pela sua desobediência mas foi gerado por uma atitude interior de REBELIÃO.
Quando Adão pecou, sua própria natureza humana se degenerou. O pecado se tornou parte de sua natureza, e portanto, a herança de toda raça humana, pois todos são descendentes dele ( Rm 5:12;19). O problema de Adão, agora é o problema de toda a raça humana. Qual é o nosso problema então?

O nosso maior problema aos olhos de Deus não está nas coisas erradas que fazemos, mas sim na nossa atitude interior de INDEPENDÊNCIA e rebelião. Todos os pecados que cometemos são conseqüência desta disposição interior. Quando no meu interior há uma atitude de independência (sou dono da minha vida, faço a minha vontade), como conseqüência disto, os meus atos e as coisas que vou fazer no meu dia a dia não vão agradar a Deus. Entendemos então, que o problema principal é A INDEPENDÊNCIA (o pecado), enquanto que os atos pecaminosos (os pecados) são a conseqüência.

Aqui cabe uma pergunta: É suficiente que o homem abandone alguns pecados mais grosseiros (como os vícios, a orgia e a idolatria), e creia em Jesus para o perdão dos pecados, sem no entanto resolver o seu problema fundamental que é a independência? A resposta é NÃO. Deus quer atingir a raiz do problema. Ele quer que mudemos de atitude, que abandonemos a INDEPENDÊNCIA e nos tornemos DEPENDENTES de Deus.
A palavra do evangelho de Jesus, não é para curar superficialmente a ferida do homem. Deus quer tratar a causa do problema e não apenas a conseqüência. E para isto Ele mandou o seu filho Jesus. Ele não veio trazer apenas o perdão dos pecados mas veio trazer a solução do problema do pecado e da rebelião. E como fez isto? Pregando o evangelho do reino (Mt 4.23; 9.35; Mc 1.14,15; Lc 4.43; 8.1; 9.60; 16.16). Os apóstolos também pregaram o evangelho do reino (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,30,31).
O que é o evangelho do reino? O evangelho do reino é o fim da rebelião e da independência do homem.

Deus quer perdoar, mas também quer governar, quer reinar sobre o homem. E este é o significado do arrependimento. No grego a palavra que aparece é "metanóia", que significa mudança de mente, mudança de atitude interior. Que mudança é esta? É a troca de uma atitude de INDEPENDÊNCIA para uma atitude de DEPENDÊNCIA. Da atitude de rebelião (faço o que eu quero) para a atitude de submissão (pertenço a Deus para fazer a sua vontade).
Quando mudamos a nossa atitude para com Deus, mudam também os nossos atos. Quando mudamos somente os nossos atos (deixamos de fazer algumas coisas que consideramos muito erradas), mas continuamos no interior com uma atitude de independência, estamos ainda em rebelião e necessitamos de arrependimento.

É necessário abandonar a independência.
Pelo conceito comum, arrependimento é um mero sentimento de tristeza pelos pecados cometidos. Agora Deus está nos revelando algo mais sólido: por meio do verdadeiro arrependimento, temos o nosso interior totalmente mudado, vivemos uma nova vida, estamos com uma atitude correta diante do nosso Senhor. ALELUIA!
Toda a pregação de Jesus estava impregnada dessa mensagem. Jesus não pregava um evangelho "fofinho", um evangelho de ofertas, mas pregava um evangelho contundente e extremamente exigente. Toda a sua pregação visava levar o homem a um verdadeiro arrependimento, a uma revolução interior. Ele mostrou de que maneira prática o homem poderia experimentar este arrependimento.
Que é necessário para se arrepender e se tornar um discípulo de Jesus? Basicamente quatro coisas:

1º- NEGAR-SE A SI MESMO (Mc 8.34). Não é negar apenas alguns pecados. É...
2º- TOMAR A CRUZ (Mc 8.34). Mas que é tomar a cruz? É...
3º- PERDER A VIDA (Mc 8.35). Como ocorre isto? Devo morrer literalmente? Não. Esta é uma realidade espiritual, é o próprio arrependimento. Até hoje, a vida era minha, eu era meu dono. Mas agora, eu perco minha vida porque a entrego para Deus. A partir de hoje Ele é o meu dono. Deus só pode governar a minha vida se eu a entrego voluntariamente. Mas para fazer isto eu devo estar disposto a perdê-la. Mas arrependimento também envolve...
4º- RENUNCIAR A TUDO QUE POSSUI (Lc 14.33). Se eu próprio já não pertenço a mim mesmo, muito mais as coisas que eu possuía. Agora tudo pertence a Deus. Família, emprego, casa, móveis, automóvel, salário, poupança, etc, tudo é de Deus.
Mas agora temos mais uma pergunta a responder: É esta a mensagem que a igreja tem pregado? Lamentavelmente não. A pregação da igreja tem sido muito mais a de um evangelho de ofertas do que do evangelho do reino. Mas alguém diria que não. Alguém diria que ultimamente Deus tem levantado a muitos na igreja falando sobre o reino e proclamando que Jesus é o Senhor. Bem, isto é verdade. Mas na essência a igreja não tem mudado muito a sua mensagem. Vamos analisar isto:
Quando Jesus colocava as condições do reino, Ele sempre começava com "se alguém quer ser meu discípulo&ldots;", e logo a seguir vinham as condições. Estas eram condições para ser um discípulo, para ser um convertido, um salvo. Eram condições para entrar no reino de Deus. Não era uma opção para ser mais consagrado, para crescer na fé, ou para se tornar pastor. O arrependimento, com tudo o que ele significa e produz, está na PORTA DE ENTRADA e não no caminho. Muitos estão pregando um evangelho "fofinho" (creia e mais nada), e depois querem estreitar o caminho. Mas quem vai querer perder a vida se na entrada já lhe prometeram salvação e vida eterna sem condição nenhuma? Esta pregação tem enchido a igreja de religiosos que não estão submissos a autoridade de Jesus. Devemos mudar esta situação, e o principal para isto é entender que:

A SUBMISSÃO TOTAL A AUTORIDADE DE JESUS NÃO É UMA OPÇÃO PARA O SALVO, MAS UMA CONDIÇÃO PARA SER SALVO.

Em face desta verdade podemos observar que hoje há no mundo três tipos de homem. O primeiro não quer saber de Deus. O segundo está muito interessado em Deus. O terceiro vive para Deus. São eles:

O incrédulo: Não quer dizer necessariamente ateu. É alguém que não tem interesse em Deus. Qual é o seu problema? É que governa a sua vida. Controla todas as áreas de sua vida conforme a sua vontade e para seu próprio prazer. Tem o EU no centro de sua vida. Ele vive para si mesmo.

O religioso: É muito diferente do incrédulo. Acredita em Deus, lê a Bíblia, ora, canta, vai a reuniões, chama Jesus de Senhor, etc. Mas qual o seu problema? O mesmo do incrédulo. Tem o EU no centro. Vive para si mesmo. E Deus? Deus existe para abençoá-lo, curá-lo, servi-lo e salvá-lo. É um quebra-galho. Este está pior que o incrédulo porque está se enganando.

O discípulo: Não vive mais para si mesmo. Vive para Deus. Toda sua vida está estruturada em função da vontade de Deus. Jesus é o SEU SENHOR. Este experimentou um verdadeiro arrependimento. Que diferença entre um discípulo e um religioso! Que amor! Que prontidão! Que docilidade! Como cresce e frutifica! Graças a Deus pela revelação do seu reino!

Você deve ler com atenção os textos abaixo para ter mais esclarecimento e capacitação para ensinar a outros: Mt 5.20; 6.25-34; 7.13; 7.21-23; 8.18-22; 9.9; 10.37-39; 11.28-30; 13.44,45; 16.24,25; 19.29; Lc 9.23-26; 9.57-62; 12.29-34; 14.25-33; 18.18-30; Jo 12.24-26; At 3.19; 17.30.

Fonte: www.odiscipulo.com

A Importância das Juntas e Ligamentos


Jesus não estabeleceu vínculos fortes somente entre Ele e seus discípulos.

COL.2:19 - ...e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.


CONSIDERAÇÕES:

O CORPO É SUPRIDO PELO CABEÇA QUE É CRISTO:

Não retendo o cabeça que é Cristo: Cabeça fala sobre autoridade, Governo, Senhorio de Cristo, plenitude. Estar debaixo da autoridade de Deus é estar debaixo da autoridade do corpo de Cristo também. Quem está aberto para Jesus esta aberto para o Corpo também. Muitos dizem: “sou crente à vinte anos e não estou ligado com ninguém, não preciso”. Isto é soberba! Sem submissão jamais chegaremos ao alvo. Muitos se convertem e já começam bem, estão vivendo debaixo de autoridade e ligados por juntas e ligamentos e assim já mostram maturidade na caminhada com Cristo. Os membros do Corpo de Cristo são supridos por juntas e ligamentos. Paulo estabelece uma ordem: 1.Não reter o cabeça (Governo) 2. Suprido 3. bem vinculado por juntas e ligamentos e o resultado de tudo isso é um crescimento que procede de Deus.

A JUNTA VÍNCULA O MEMBRO. BEM VINCULADO POR JUNTAS E LIGAMENTOS. ISTO NOS FALA SOBRE MATURIDADE DE CADA MEMBRO. NADA PODE SER SINGULAR NO CORPO DE CRISTO.

CRESCE O CRESCIMENTO DE DEUS. VEM DE DEUS! ELE NÃO FALHA E NÓS NÃO PODEMOS FALHAR TAMBÉM.

Jesus não estabeleceu vínculos fortes somente entre Ele e seus discípulos. Ele também relacionou os discípulos entre si. Várias vezes Jesus enviou os discípulos de dois a dois. Certamente tinham que desenvolver uma relação profunda. A oração, os conselhos, a paciência, o perdão, o cuidado com o espírito de disputa, e tantas outras oportunidades que o Espírito Santo trabalhava neles enquanto estavam juntos no serviço.
Aquela relação entre Jesus e os discípulos era uma relação de discipulado, algo vertical. Este outro relacionamento específico é horizontal, que aqui chamamos de companheirismo. No discipulado, alguém mais maduro vela por alguém mais novo. No companheirismo há uma responsabilização mútua por edificarem um ao outro.
O companheirismo só funcionará se houver um compromisso mútuo diante do Senhor. Não havendo compromisso, não haverá desempenho de cada parte para edificação do outro. Isso quer dizer que esse relacionamento deve ser específico e distinto. Quando é assim, cada um sabe qual é a sua responsabilidade. Caso contrário, pensa-se que todos são responsáveis por todos (o que é verdade), mas ninguém se responsabiliza por ninguém.

Como Deve Ser Esse Relacionamento?

·Sujeição (Ef 5.21 ):
A grande prova de humildade é a submissão ao companheiro, pois muitas vezes é mais fácil sujeitar-se ao discipulador, que é alguém que consideramos mais maduro.

·Transparência (Tg 5.16):
Confessar os pecados um ao outro. Isso produz cura. Não devemos esconder nada. Aprender a colocar a vida perante o outro sem barreiras. É necessário se expor e perder o individualismo.


·Amor Verdadeiro (Jo 13.34):
Este amor começa com amizade. Quando Deus criou o homem, ele viu algo que não achou bom: A solidão (GN 2.18). Por causa disso criou uma ajudadora. O relacionamento não existe apenas para formar o caráter. Serve no propósito de trazer realização completa a cada um, de maneira que tenhamos prazer e alegria uns nos outros. Amor também é lealdade e fidelidade. Ao fazermos uma aliança, não é só para momentos de alegria, mas também um compromisso para as provações. É justamente nestas horas que o compromisso vai ser testado e desafiado. O verdadeiro amor também envolve cuidado e proteção. Devemos ter responsabilidade pelo bem estar do companheiro e de sua família.
·Honra (Rm 12.10):
Buscar sempre o interesse do outro, mesmo que envolva perdas. Estar sempre disposto a dar o primeiro lugar ao outro e ficar na posição de servo.
·Longanimidade e Perdão (Cl 3.12-13):
É neste relacionamento que várias áreas da vida irão se revelar e receber tratamento. É nesta hora que o companheirismo deve funcionar a fundo. Diante das deficiências do caráter do outro, não devemos desanimar, mas sim aprender a perdoar e a suportar. Neste momento o caráter de Cristo estará sendo formado em nós, porque, na prática, teremos que perdoar e suportar uns aos outros.

O Que Os Companheiros Devem Fazer?

·Edificarem-se com a Palavra (Cl 2.16), revisando textos, ensinos ministrados, aconselhando-se, animando-se, consolando-se, etc.
·Orar Juntos (Mt 18.19-20). É bom terem uma lista de oração.
·Sair para pregar aos incrédulos (Mc 6.7-12). Devem visitar contatos juntos.
·Cuidar dos seus discípulos juntos.
·Servirem-se (Gl 5.13).
·Estimularem-se ao amor e às boas obras (Hb 10.24).

Como Iniciar o Relacionamento?

·Não é necessário buscar afinidade. Não se deve idealizar um relacionamento que não terá problema.
·Não é necessário um longo período de observação. Não é casamento.
·Pode-se relacionar pessoas de idade diferente.
·Pode ser um relacionamento de três irmãos.
·Pode ser um irmão mais novo (ou antigo) na fé.
·Devem ser do mesmo sexo.
·Devem orar e buscar conselho antes de iniciar o relacionamento.

Perigos que destroem o Companheirismo:

·Egoísmo:
O egoísmo é o câncer de qualquer relacionamento. Por isso, alguém que tenha tendências fortes para manipular e explorar os outros, não tem, por enquanto, maturidade para exercer esta aliança.

·Diferenças de Personalidade:
Nunca encontraremos pessoas idênticas. Nem haveria vantagem nisso. É natural que os discípulos tenham algumas dificuldades para se ajustarem. A benção deste relacionamento, como já vimos, repousa justamente nisso. Assim os companheiros têm a oportunidade de lidar biblicamente com suas diferenças, podendo aplicar princípios que, de outra forma, seriam apenas teóricos (Pv 27.17).

·Ataques do Diabo:
O diabo se levantará contra qualquer aliança de edificação entre irmãos. Usará mentiras, mal-entendidos, desânimos e suspeitas falsas, tentando colocar um contra o outro. Os companheiros devem vencer juntos em oração, bem como esclarecer sempre toda questão que surgir.

·Fofocas:
Um relacionamento de edificação não admitirá comentários nocivos sobre a vida de outros discípulos, nem mesmo a pretexto de “orar pelo irmão”. Fofocas e contendas entre irmãos são as armas mais terríveis do diabo para destruir a unidade do Corpo (Pv 6.16-19).

Fonte: www.igrejadejesusemsaovicente.com.br

Professores ou Pais Espirituais?















A edição 37 da Revista Impacto (Quando desobedecer é melhor...) divulgou um trecho de uma entrevista que passou quase desapercebido por muitos leitores, mas que eu gostaria de trazer à nossa memória:

No final da década de 80 e início de 90, tivemos experiências difíceis em Porto Alegre em relação a alguns abusos da parte dos discipuladores. Mas isso acabou se transformando em bênção para a igreja, porque nos levou a buscar a Deus para que ele corrigisse nosso percurso. [...] Levou-nos a voltar aos princípios, a buscar mais revelação. E descobrimos uma espécie de norma áurea em 2 Coríntios 10.8 e 13.10, segundo a qual a autoridade não é para destruição, mas para edificação.
Outra coisa que nos ajudou foi uma ampliação da visão do discipulado, com a entrada da visão de paternidade espiritual. Foi uma chave para nós. A ênfase não é na autoridade, nem na exigência de submissão, mas na paternidade. [...] (Veja esse princípio exemplificado no relacionamento de Paulo com Timóteo e Tito, como filhos na fé, em 1 Tessalonicenses 2 e outros textos.)
Quando os discipuladores entenderam e creram nisso, os problemas praticamente deixaram de existir. E quantos problemas nós tínhamos! Hoje podemos dizer que desde então tem ocorrido uma revolução de amor entre nós. Os discipuladores servem efetivamente os irmãos – não estão em posição superior. Assim como o pai não é status, mas serviço, obtiveram reconhecimento da autoridade a partir dessa doação.
Hoje, usamos mais as expressões "quem cuida”, “quem te serve”, “quem te guarda” do que algum termo que dê ênfase na autoridade. Temos atualmente (novembro de 2004) em Porto Alegre mais de 500 pais espirituais. São dois mil irmãos com vida. Jovens, adolescentes e velhos em alegria. Passamos pela crise e Deus gerou esse amor.

Jan Gottfridsson (Igreja em Porto Alegre)



Confesso que, na época, não dei muita importância a esse trecho da matéria, o que poderia ter feito com que evitasse passar por algumas “crises eclesiásticas” que experimentei em seguida. Ao ler 1 Coríntios 4.15 (“Porque, ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu, pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo”), pude perceber quão importante é essa questão de paternidade espiritual. Paulo estava querendo dizer que a igreja em Corinto tinha muitos aios (professores, mestres, pessoas responsáveis por transmitir ensinamentos), mas faltava-lhe um pai espiritual.
Minha crise pessoal estava justamente relacionada com isso. Passei quase toda a minha vida cristã envolvido com o ministério de ensino, com livros, apostilas, estudos, e parece que o apóstolo Paulo falava diretamente para mim: “O que você está precisando é de paternidade espiritual!”
Depois o verso 18 (“mas alguns andam inchados, soberbos...”) vinha com mais uma punhalada em minha religiosidade. Os membros da igreja em Corinto ouviam os tutores, participavam dos estudos – e tornaram-se arrogantes, soberbos em seu conhecimento do evangelho. Orgulhavam-se do muito que conheciam, mas eram imaturos, pois não consideravam a figura do pai para dar-lhes identidade, treinamento e cuidado apropriado. Mas será que isso também não estava acontecendo comigo?

Amadurecendo a Visão de Discipulado para Paternidade Espiritual

Durante muitos anos, pratiquei uma metodologia de ensino cristão conhecido como “discipulado” e adotado por diversas comunidades evangélicas. Esse método normalmente consiste em duas pessoas se encontrarem para passar por um processo estruturado de ensino no estilo “preceito após preceito”, no qual um cristão novo é ajudado a conhecer, praticar e ensinar as verdades básicas do evangelho. É um tipo de relacionamento que é necessário e maravilhoso para o treinamento dos crentes, mas a idéia de paternidade espiritual vai mais além, como explicou o irmão Jan Gottfridsson em seu depoimento.
Como pai espiritual, as intenções do apóstolo Paulo para a igreja em Corinto eram muito superiores ao sistema de ensinamento que estavam recebendo. Os irmãos que estivessem experimentando essa paternidade sobre suas vidas não se tornariam soberbos e inchados de tanto conhecimento; pelo contrário, deixariam de ser bebês espirituais (1 Co 3.1) e amadureceriam em Cristo, adquirindo condições de assumir a paternidade sobre outras pessoas.
Atualmente, Deus está despertando pessoas em muitos lugares, mostrando que sem paternidade espiritual não teremos homens e mulheres maduros na igreja – podemos ter muita informação, como a igreja em Corinto, mas seremos eternas crianças espirituais com nossos joguinhos televisivos de meninos contra meninas, batistas contra presbiterianos, adoradores extravagantes contra os defensores de corais e hinos tradicionais. Quem você acha que ganhará o troféu abacaxi?

Precisamos Estar Ancorados

O livro O Clamor por Pais e Mães Espirituais (Larry Kreider, Ministério Igreja em Células) cita o seguinte: “Toda a humanidade está clamando por relacionamentos autênticos, tanto na igreja como no mundo. Uma empresa americana, Brain Reserve, de Nova Iorque, especializada em pesquisar tendências de mercado e fazer previsões, está constatando o sentimento e desejo do homem de ser ancorado pela sociedade (em um sentido figurado, que significa proteção, amparo, arrimo, abrigo, algo que nos dê segurança, esperança). As pessoas estão com medo – violência, avanços tecnológicos, falta de privacidade, pornografia a um clique do mouse, crimes sem sentido. Tudo isso torna a sociedade faminta e desesperada por orientação e autoridade moral. As pessoas estão em busca de direção, estão procurando por respostas espirituais como nunca antes. Elas querem relacionamentos verdadeiros em que possam se sentir conectadas e seguras”.
O autor também nos alerta: “Com freqüência, na igreja de hoje, o crente é encorajado a participar de cultos, estudos bíblicos, organizações paraeclesiásticas ou ministérios evangelísticos para fortalecer a sua fé e crescer no Senhor. A teoria diz que quanto mais ensino da palavra de Deus e interação entre os crentes tanto mais espiritualmente madura a pessoa vai se tornar. Embora o envolvimento seja importante, essa pressuposição enganosa leva a pessoa a inalar mensagem após mensagem, livro após livro, fita após fita, seminário após seminário para preencher o vazio que só pode ser preenchido pelo verdadeiro relacionamento. Um crente se torna um obeso espiritual e fracassa em interpretar o que está aprendendo e o que pode passar adiante para outros. Ele não sabe como transmitir sua vida de maneira significativa e sacrificial para outros porque nunca foi acompanhado adequadamente por um pai espiritual. Sem um modelo, ele permanece um filhinho espiritual, precisando ser alimentado com colheradas pelo seu pastor ou por outro obreiro cristão.”

Órfãos Espirituais

Assim como pessoas podem ser órfãs de pais físicos, a igreja está repleta de órfãos espirituais. São pessoas sem qualquer tipo de herança espiritual ou emocional. Aceitaram a Jesus, mas não foram alimentadas em sua fé. Não foram encorajadas nem exortadas com princípios bíblicos saudáveis por alguém mais maduro, que poderia ajudá-las a crescer no Senhor. Esses cristãos, pelo fato de não estarem ancorados a ninguém e não conviverem em um ambiente de paternidade saudável, param de crescer emocional e espiritualmente, independente do tempo de conversão que possam ter. Pelo fato de estarem lutando sozinhas, é comum ver essas pessoas centralizadas em si mesmas, desenvolvendo um sentimento de autopiedade e reclamando quando as coisas não acontecem do jeito que queriam.
Assim como acontece em uma família natural, o pai espiritual proporciona segurança e um lugar de descanso para seus filhos. Confiando nessa proteção, os filhos não se sentem perdidos em uma infinidade de diretrizes espirituais lançadas aos seus ouvidos, ficando sem saber por qual caminho seguir (basta entrar em uma livraria evangélica e perceber a grande quantidade de livros, completamente diferentes entre si, mas todos com objetivo de trazer uma direção atual de Deus para nossas vidas e para a igreja em geral).
Por outro lado, essa lacuna de confiança e segurança tem sido causada pela má atuação de muitos pais, que abusam da autoridade (para melhor compreensão desse fenômeno, recomendo a leitura do livro A Pedagogia dos Oprimidos, o mais conhecido de Paulo Freire), gerando uma idéia deturpada do que é paternidade, causando até mesmo uma aversão ao processo. A compreensão inadequada do que é paternidade também é fortalecida pela figura dos pais ausentes, abordada em outros artigos desta revista.
Mas paralelo a esses modelos não saudáveis no mundo, o povo de Deus, a igreja de Jesus Cristo, deve servir como exemplo em relação ao plano de Deus para a família. A igreja, compreendendo sua missão influenciadora para a sociedade, pode levar a cura e livrar a humanidade das maldições (Ml 4.6). Como igreja, podemos proporcionar uma reeducação em relação à paternidade, através de um relacionamento cuja iniciativa parta de alguém espiritualmente maduro que realmente se importe com as pessoas e lhes sirva de exemplo. Deus quer levantar homens e mulheres com coração de pais e mães espirituais para mentorear jovens, transmitindo amor, cuidado e sabedoria. Famílias fortes vão se importar com famílias desestruturadas, levando força e combatendo o sentimento assombroso de “solidão”.
Contudo, só participaremos desse revolucionário processo transformador e curador para a sociedade quando deixarmos de olhar para nós mesmos com uma ótica religiosa e egoísta, que nos leva a crer que precisamos ser mais abençoados, ter mais saúde, mais dinheiro, mais proteção, mais, mais, mais, e que somos tão pobrezinhos espiritualmente que ainda não temos nada para contribuir. Quem sabe daqui a alguns anos...

Um Desafio

Cada cristão, individualmente, precisa ter ousadia e coragem para abrir as portas de sua casa para os solitários (Sl 68.6). A paternidade espiritual se desenvolve em um ambiente de encontro familiar e não de reunião ou culto semanal. Não podemos abrir mão da bênção dos relacionamentos honestos e transparentes em função de uma reunião solene e (aparentemente) mais bonita. O que você acha que aconteceria se mais cristãos se colocassem à disposição para fazer parte de um relacionamento de paternidade e maternidade espirituais?
Para que os jovens cresçam espiritualmente e não abandonem o barco, temos que fazer mais do que passar tempo com eles e simplesmente estudar a Bíblia. O pai espiritual ajuda o seu filho espiritual a alcançar seu potencial dado por Deus. Tem a ver também com “como posso ajudá-lo?” em vez de “o que devo ensinar-lhe?” Os pais dão aos filhos um sentimento de importância. Uma pessoa que se sente um Zé Ninguém vai contribuir pouco para a vida.
Aí vem a pergunta: se eu não tive um pai espiritual, como poderia ser pai de uma outra pessoa? A igreja está sendo restaurada. Muitas coisas estão fora do lugar. Seja como um Gideão – não fique olhando para sua covardia e fraquezas e dependa do Senhor. Doe-se como pai espiritual de alguém: invista seu tempo, dinheiro, suas emoções, como deve ser feito com filhos naturais. E Deus, que é fiel, também levantará alguém sobre sua vida. Não seria maravilhoso se alguém olhasse para você, visse o seu potencial em Cristo e decidisse investir em sua vida?

FONTE:
www.revistaimpacto.com.br

quinta-feira, agosto 03, 2006

Podemos fazer parte do Propósito Eterno de Deus

Romanos 8:28 e 29 diz:

"Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito. Porquanto aos que antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos."

Efésios 1:3-14 diz:

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda sabedoria e prudência, desvendando-nos o minstério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua Glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até o resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória."


Vemos nestes dois textos que Deus tem um plano, um propósito.
Quando Deus fez o homem, ele os fez à imagem e semelhança Dele mesmo.
Se o homem não tivesse pecado, essa família iria aumentar e crescer à imagem de Deus Pai.
O Pecado entrou e o Pai, na plenitude dos tempo, envia a Jesus para restaurar o plano de Deus. Qual era o plano de Deus? O plano de Deus era construir uma família de muitos filhos à imagem e semelhança Dele mesmo. Agora, em Cristo o plano do Pai é restaurado! O plano de ter uma família de muitos filhos é agora restaurado em Cristo Jesus. Agora o Pai está construindo novamente uma família de muitos filhos, semelhantes a Jesus, para a Sua Glória.
Esta é a vontade de Deus: Que façamos parte dessa grande família de muitos filhos, semelhantes a Jesus (Rm 8:29), para a Sua Glória!